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Ondas de calor podem matar humanos

Jul 23, 2023Jul 23, 2023

O aumento do calor pode debilitar os mosquitos criados para retardar a transmissão de vírus como a febre amarela e a dengue

CLIMATEWIRE | Os cientistas alertaram que algumas doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e a dengue, podem espalhar-se para novos territórios à medida que o mundo aquece. Então eles começaram a criar mosquitos especiais que poderiam retardar a transmissão de vírus.

Mas até agora, os investigadores não tinham a certeza se as alterações climáticas matariam estes insectos resistentes a doenças antes que pudessem fazer a diferença.

Um novo estudo, publicado quinta-feira na revista Nature Climate Change, sugere que os insetos que combatem doenças provavelmente sobreviverão pelo menos nas próximas décadas. O seu destino é menos certo no futuro.

O estudo centra-se numa bactéria especial transmitida por insectos chamada Wolbachia, que tem propriedades naturais de bloqueio de vírus e é transportada em diferentes populações de insectos, incluindo algumas espécies de mosquitos.

Não é normalmente encontrado no Aedes aegypti, ou no “mosquito da febre amarela”, uma das espécies transmissoras de doenças mais importantes do planeta. Mas os cientistas descobriram formas de introduzir a bactéria nas populações de Aedes aegypti – e potencialmente retardar a transmissão de doenças, incluindo a febre amarela e a dengue, e os vírus Zika e Chikungunya.

Os pesquisadores já lançaram vários programas experimentais em todo o mundo, inclusive em Queensland, na Austrália, no Rio de Janeiro, no Brasil, e em partes do Vietnã.

Mas a Wolbachia tem um ponto fraco. A cepa que os cientistas costumam usar nos mosquitos Aedes aegypti é sensível ao calor. Quando as temperaturas médias diárias atingem cerca de 95 graus, tende a começar a desaparecer da população.

O novo estudo está entre os primeiros a investigar se o aumento das temperaturas pode representar um risco para os mosquitos transmissores da Wolbachia nas próximas décadas.

A investigação centra-se em Cairns, na Austrália, um dos locais onde mosquitos resistentes a doenças já foram introduzidos. Ele usa um modelo especial que imita a dinâmica da população de mosquitos para simular como os insetos podem responder à medida que a região aquece.

Assumindo níveis moderados a graves de alterações climáticas futuras, o estudo conclui que a população portadora de Wolbachia provavelmente sobreviverá pelo menos até a década de 2030 – mesmo com o agravamento das ondas de calor.

Na década de 2050, a população deverá diminuir durante os meses mais quentes do verão. Mas os invernos mais quentes são, na verdade, propícios à reprodução do mosquito, e a população poderá recuperar durante as épocas mais frias do ano.

Isso é apenas na Austrália.

Os pesquisadores descobriram que o mosquito pode não se dar tão bem em outras partes do mundo. Eles realizaram uma análise semelhante em Nha Trang, no Vietname, outro local onde os mosquitos resistentes a doenças já foram libertados. A modelagem descobriu que o número de mosquitos Wolbachia provavelmente despencará na década de 2050, graças a ondas de calor mais longas e intensas.

No geral, a investigação sugere que os mosquitos portadores da Wolbachia podem ser mais vulneráveis ​​em algumas partes do mundo do que noutras. E embora as populações possam ser relativamente resilientes durante a década de 2030, é provável que enfrentem desafios crescentes relacionados com o calor nas décadas posteriores, mais quentes.

Ainda assim, a Wolbachia não é o único método de combate a doenças disponível.

Os cientistas também desenvolveram mosquitos geneticamente modificados, portadores de um gene que faz com que as gerações futuras morram gradualmente. Embora a Wolbachia evite que os mosquitos transmitam vírus sem realmente matá-los, a estratégia OGM visa reduzir diretamente as populações de mosquitos.

A empresa de biotecnologia Oxitec lançou um teste de mosquitos OGM em Florida Keys em 2021. No ano passado, anunciou que o teste parecia estar funcionando – mas são necessárias mais pesquisas para determinar se é uma estratégia eficaz a longo prazo.

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